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A Aquacultura na Madeira

A aquacultura é uma actividade de importância crescente na actualidade, face ao declínio generalizado dos stocks de peixe selvagem explorados pela pesca comercial, e já contribui com perto de 50% do peixe para consumo humano a nível mundial. A produção de peixe e outros animais marinhos em aquacultura constitui uma alternativa viável à pesca, e é uma das mais importantes formas de garantir a disponibilidade de alimentos proteicos para uma população humana em crescimento.

Fig. 1. Centro de Maricultura da Calheta



A primeira estrutura de aquacultura offshore em Portugal foi instalada na Madeira em 1996, numa iniciativa da Direcção Regional de Pescas. A produção comercial de dourada em jaulas oceânicas na Madeira iniciou-se em 2004 na Baía d'Abra, e desde então esta actividade tem vindo a assumir crescente importância, contribuindo actualmente com cerca de 47% da dourada (Sparus aurata) produzida em aquacultura em Portugal. Para isso contribuem as condições ambientais deste arquipélago, nomeadamente a temperatura da água mais elevada e menos variável ao longo do ano do que em qualquer outro local na Europa, o que favorece o crescimento desta espécie, e as condições oceanográficas favoráveis da costa sul da ilha da Madeira, que permitem a instalação de jaulas oceânicas.

Fig. 2. Jaulas oceânicas.



O Centro de Maricultura da Calheta tem tido grande importância na investigação de aquacultura não só de dourada mas de outras espécies que poderão vir a ser alvo de produção comercial num futuro próximo, como é o caso do sargo (Diplodus sargus) e do pargo (Pagrus pagrus), entre outras. Para além disso o CMC está também envolvido na realização de acções de formação, prestação de serviços e aconselhamento técnico às empresas de aquacultura da região, tendo ainda um programa de divulgação de ciência em escolas secundárias. Actualmente o CMC em colaboração com a empresa Marisland encontram-se em processo de implementação de um sistema inovador, tanto a nível nacional como europeu, de produção biológica de juvenis de peixes marinhos.

Fig. 3. Instalações do Centro de Maricultura da Calheta.



Fig. 4. Sistema de mesocosmos para produção de juvenis no CMC.



A aquacultura pode também, para além da produção comercial de peixe para consumo humano, contribuir para a conservação de espécies marinhas ameaçadas, através de programas de repovoamento. Neste sentido o CMC tem realizado estudos com espécies como o emblemático mero (Epinephelus marginatus), no sentido de tentar efectuar a sua reprodução em cativeiro.

Fig. 5. Produção de juvenis no CMC.



Fig. 6. Produção de alimento vivo para as larvas de peixe.




Referências

Andrade C.A.P., Gouveia N.M.A. (2008). Ten years of marine aquaculture in Madeira archipelago. Pp. 30-32 in: Pham, C.K., R.M. Higgins, M. De Girolamo & E. Isidro (eds). Proceedings of the International Workshop: Developing a Sustainable Aquaculture Industry in the Azores. Arquipélago. Life and Marine Sciences, Supplement 7.

Centro de Maricultura da Calheta.

Direcção Regional de Pescas, Madeira.

DGRM (2014). Plano Estratégico para a Agricultura Portuguesa 2014-2020. Direcção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos. Ministério da Agricultura e do Mar, Governo de Portugal.

FAO (2014). The State of World Fisheries and Aquaculture 2014: Opportunities and Challenges. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome, 243 pp.

INE, I.P. (2014) Estatísticas da Pesca 2013. Instituto Nacional de Estatística, Lisboa, Portugal.

Torres C., Andrade C. (2010). Processo de decisão de Análise Espacial na selecção de áreas óptimas para a Aquacultura Marinha: O exemplo da Ilha da Madeira. Revista da Gestão Costeira Integrada, 10(3): 321-330.